quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Lobo (Wolf)




"Homo homini lupus" ou "O homem é o lobo do próprio homem".
A frase de Tomaz Hobbes é um resumo perfeito da idéia transmitida pelo filme em questão.
Jack Nicholson interpreta Will Randall, editor chefe de uma editora que está prestes a ser adquirida pelo bilionário Raymond Alden (Christopher Plummer).
Logo no começo do filme ele atropela um "lobo" (numa região do país onde não deveriam haver lobos) e é mordido por ele ao tentar retirá-lo da estrada.
Para o azar de Will, Alden (o bilionário) possui uma visão diferente da sua para os rumos da editora e acaba o rebaixando de cargo, substituindo-o pelo gerente de marketing (que por ironia do destino era seu protegido, que além de ganhar o cargo traiçoeiramente ainda tem a cara-de-pau de manter um caso com sua esposa). Isso ocorre durante uma festa na mansão Alden, onde após un incidente com um cavalo Will acaba conhecendo Laura, a filha problemática de Raymond vivida por Michelle Pfeiffer.
Ao longo dessas cacetadas do destino a tal mordida do começo do filme começa a "fazer efeito".
Will primeiro muda fisicamente. Passa a ouvir, enxergar e farejar melhor tudo ao seu redor.
Sua postura arcada de homem de meia-idade com a corda no pescoço e entre a cruz e a espada vai aos poucos dando lugar a uma mais agressiva, seu olhar e suas atitudes diante do mundo que o rodeia aos poucos vão se transformando. 
É nessa fase intermediária entre homem e fera que ele descobre o adultério. Ao cheirar as roupas da esposa acaba sentindo o cheiro de seu ex protegido e gerente de marketing da editora Stewart Swinton (James Spader, no papel de um filho-da-puta com carinha de santo dos melhores já vistos no cinema). Pega os dois no flagra no apartamento de Stewart e acaba, por reflexo, lhe dando uma mordida.
Quando todos pensam que ele está acabado por ter sido substituído na editora, Will dá a volta por cima contando com a ajuda de seu assistente Roy e sua secretária Mary. Por baixo do pano eles conseguem convencer todos os principais escritores da editora a pularem fora do barco devido aos novos rumos da empresa para montar uma nova e muito mais poderosa e conceituada editora. 
A jogada dá tão certa que Will é reconvocado as pressas, garante seu antigo emprego de volta (com mais poderes criativos sobre suas publicações e bem melhor remunerado). 
Sua primeira atitude como "macho alpha" é demitir Stewart Swinton, que ao implorar para continuar mais um tempo na editora (para não ter sua carreira arruinada) acaba ganhando uma mijada em seus preciosos sapatos de camurça, numa pura demonstração de demarcação de território de  Will, que a essa altura já consegiu se livrar da esposa infiel e conquistou o coração de pedra de Laura Alden.
A essa altura do campeonato o Lobo dentro de Will começa a ganhar mais espaço. Durante crises de sonambulismo ele sai para passeios noturnos no campo e na cidade, se alimenta de cervos, visita o zoológico para dar uma espiada em outras bestas enjauladas  e dilacera uma trio de assaltantes num parque no meio da cidade, cena onde Jack Nicholson nos brinda com uma das suas caras e falas mais sarcásticas de todo o filme (confesso que já a assisti trocentas vezes no DVD).
Quando a ex esposa de Will é encontrada morta com a garganta dilacerada após ter sido vista com ele na noite anterior, Laura o convence a ir para a mansão dos Alden se refugiar. E é na mansão que ocorre o sangrento desfecho do filme (que eu obviamente não vou contar aqui).
Lobo é um filme que se desenvolve lentamente e tudo funciona perfeitamente desde a abertura com o W de wolf se fechando como uma mandíbula até a maquiagem discreta e extremamente eficiente do mestre Rick Baker
Quem não tem a menor idéia de quem seja o mestre Rick Baker saiba que ele tem nada mais, nada menos do que seis Oscar por Efeitos de Maquiagem em sua estante, mais uma porrada de indicações na mesma categoria. Trocando em miúdos: O cara manja! Só isso aqui já vale mais do que qualquer zilhão de elogios que eu possa tecer para ele: 
Eu também quis brincar de Rick Baker e acabei invertendo minha dentadura de vampiro na boca e me dando uns retoques no Photoshop. Óbvio que o resultado passou longe de qualquer coisa que preste, mas eu me divirto com essas coisas. E como!
Temos também a música, que ficou a cargo de outro mestre: Ennio Morricone

Para concluir, aqui vai o trailer do filme: 
Quem tiver a chance não deixe de assistir!



terça-feira, 20 de julho de 2010

O Pássaro das Plumas de Cristal (L’Uccello dalle Piume di Cristallo)



Antes de começar a falar sobre o filme em questão, cabe uma pequena introdução.
O Pássaro das Plumas de Cristal é o primeiro filme dirigido pelo italiano Dario Argento, expoente máximo dos filmes denominados Giallo, suspenses italianos que ganharam esse nome em homenagem a uma série de pulps de capa amarela (amarelo é giallo em italiano) publicados na terra da pizza.


Todo giallo que se preze possui assassino(a)s cruéis com distúrbios sexuais (ou traumas de infância) que adoram brincar de gato e ratos com suas vítimas e as eliminam das maneiras mais violentas possíveis e imagináveis, sempre usando suas indefectíveis luvas de couro preto.
Eu, é claro, não resisti e tive que conseguir minha própria luva-de-couro-preto-no-melhor-estilo-giallo:
 As cenas de assassinato são extremamente gráficas, não poupando o espectador de closes sangrentos: São facadas, machadadas, decapitações, empalamentos, eviscerações, cuteladas, mutilações, tiros e afins mostrados de maneira crua e realista, sem concessões. Grafismo puro!

Agora que já fiz essa breve e resumida apresentação do gênero, vamos ao filme em questão.
Sam Dalmas é um escritor americano radicado na Itália que para conseguir uma grana para voltar para casa envolve-se no projeto de um livro sobre pássaros. 
Terminado o trabalho, com seu pagamento em mãos, ele volta tranquilamente para casa não vendo a hora de pegar seu vôo de volta para os Estados Unidos. 
O que Sam não previa é que justamente naquela noite seria testemunha do ataque a uma bela mulher por uma figura toda vestida de preto, no interior de uma galeria de arte. 
A polícia italiana apreende seu passaporte por ele ser a única testemunha de uma tentativa de assassinato perpetuada por um serial killer que vem aterrorizando a cidade, o inspetor chefe cisma que ele viu mais do que se lembra e ele mesmo sabe que há um algo além na cena que presenciou, embora não saiba exatamente o que venha a ser. 
Para piorar, o assassino passa a tentar eliminar Sam, que antes de engordar a lista de vítimas da figura de preto resolve investigar o crime por conta própria.
É durante essa investigação que Dario Argento nos brinda com dois personagens engraçadíssimos: Um informante paranóico e um pintor maluco. As cenas com esses dois são o alívio cômico do filme, um lado do diretor que só apareceu nos seus primeiros trabalhos e não chega a fazer falta quando ele está realmente inspirado (vide Sleepless).
No fim das contas a identidade do assassino não chega a ser uma surpresa total. 
Quem já está familiarizado com o estilo do diretor e conhece mais alguns de seus trabalhos (por exemplo Trauma ou Prelúdio para Matar) adivinha logo o que está acontecendo. 
O estilo do diretor é único e sua mão na direção é pesada. Se você não entende bulhufas o que alguém quer dizer quando fala que a mão desse ou daquele diretor é pesada, assista a alguns filmes do Dario Argento (tente Suspiria, mas não espere gostar logo de cara) que vai entender. Funcionou comigo...
O Pássaro das Plumas de Cristal é o primeiro da triologia dos bichos (sem ligação nenhuma uns com os outros, apenas possuem nomes de animais no título). Depois dele vieram Quatro Moscas no Veludo Cinza e O Gato de Nove Caldas, também excelentes giallos.
O trailer:
Infelizmente os filmes mais recentes de Argento (sim, ele ainda está em atividade) passam longe da qualidade dos mais antigos. Eu fico imaginando a obra prima que teria sido se ele, em sua melhor forma, tivesse dirigido Hannibal no lugar de Ridley Scott. Deixando o "SE" de lado e colocando os pés no chão, o próximo trabalho confirmado do diretor é esse:



Já estou de dedos cruzados!

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Na Hora da Zona Morta (Dead Zone)


A idéia para esse blog surgiu exatamente quando eu falava sobre esse filme no Twitter, limitado a cento e quarenta caracteres por observação (nossa, como é bom poder escrever as coisas por extenso!).
Dead Zone trata-se (na minha opinião) da melhor adaptação cinematográfica de um livro do Stephen King para o cinema.
E Dead Zone trata-se (novamente ao meu ver) do melhor livro do Stephen King.
Esqueça a série O Vidente, baseada na mesma história. Certo, é legalzinha e eu até gostava mesmo já tendo lido o livro e sabendo que a história original não permitia sequência/derivados, mas o filme de 1983 dirigido por David Cronenberg é a versão definitiva.
No Brasil acabou recebendo o título de Na Hora da Zona Morta, certamente para pegar carona nos populares A Hora do Pesadelo e A Hora do Espanto.
Bom, pra você ter uma idéia do quanto eu gosto desse filme, tenho um casaco preto que só uso com a gola virada e que comprei unicamente porque achei parecido com o que o Christopher Walken usa no filme. 
Tire a prova:




Christopher Walken








Eu






Não restando dúvidas de que eu realmente gosto desse filme, vamos em frente.
Logo no começo vemos John Smith (Walken) sofrendo um acidente de carro que o deixa em coma por vários anos. Ao despertar ele descobre que o amor de sua vida seguiu em frente sem ele. Sua antiga namorada casou-se e teve um filho. Na minha opinião ela fez exatamente o que qualquer pessoa mentalmente sã faria. E com um agravante: Na noite em que ele se acidentou ela o chamou para fazer vuco-vuco passar a noite na sua casa. Ele, muito certinho, optou por esperar a "hora certa" e acabou se estrepando todo...
O choque de Johnny ao acordar demora um pouco pra ocorrer. É aos poucos que ele vai se dando conta que o que não passou de uma soneca para ele foi muito tempo para todos aqueles que se importavam com ele. E é justamente nesse período de readaptação (mental e física também, uma vez que ele está com todos os músculos e nervos atrofiados) que ele descobre que acordou com um dom diferente. Um simples toque seu em pessoas ou objetos pode revelar fatos do passado, presente e futuro.
No livro nos é mostrado que ele já tinha esse "poder" escondido nele desde sempre. No filme isso só se manifesta após o acidente. Não que faça muita diferença...
Acertando uma previsãozinha aqui, outra ali, ele acaba chamando a atenção da imprensa marrom.
Após um desagradável acidente em rede nacional (onde é desafiado a provar que não é um charlatão e acaba fazendo um repórter escroto quase se borrar nas calças) John resolve se isolar do mundo e vai viver tranquilamente com seu pai. 
Um belo dia um Xerife bate em sua porta e pede ajuda para capturar um serial killer. Ele a princípio se nega, mas muda de idéia depois de receber uma visita natalina de sua antiga namorada e ter sua esperada primeira noite (tarde, no caso) de amor com ela. 
Depois quando dizem que a maioria dos problemas se resume em falta de sexo ainda tem quem duvide...
Johnny descobre o assassino mas acaba sendo gravemente ferido no processo final de sua captura. Isso faz com que ele acabe ficando ainda mais recluso do que nunca, passando a evitar até mesmo seu pai e o médico da clínica onde  ele se recuperou do acidente, o único amigo que teve após voltar do coma.
Tempos depois ele acaba acidentalmente tocando em um político e descobre que o mesmo vai conseguir se eleger presidente dos E.U.A. e desencadear a terceira guerra mundial seguida do fim do mundo. O cara é praticamente o anticristo. No livro esse personagem é minuciosamente detalhado desde o princípio, no filme ele só aparece bem pra lá da metade mas é muito bem interpretado por Martin Sheen.
Aí nasce o dilema final de John Smith.
Teria ele credibilidade o suficiente para fazer o mundo ver o perigo que o espreitava ou seria mais fácil ele agir sozinho e dar um fim nessa ameaça?
Não vou contar aqui como termina, mas digamos que Johnny consegue o que quer (não da maneira que imaginava) e sua expressão de alívio ao fim ameniza tudo. Ele finalmente encontra a paz que procurava desde quando saiu da Zona Morta.
Veja o trailer:

FINADOS

Bom, antes de mais nada cabe uma explicação sobre esse Blog:
O Filme meu, filme meu... é um espaço onde vou me dedicar exclusivamente a escrever sobre filmes. Dissertarei sobre todo e qualquer tipo de filme, desde os considerados clássicos até os apedrejados pelo público e crítica; curtas, média e longa-metragens; feitos exclusivamente para a Internet, etc... Quem me conhece sabe que tenho um gosto peculiar para filmes, então acho que meus dois ou três (quem sabe quatro!) leitores vão se divertir bastante lendo minhas resenhas.
Bom, para começar, vou falar sobre um filme genuinamente meu.
Trata-se de FINADOS, um curta metragem escrito, produzido, dirigido e editado por mim (com uma participação especial minha!) que infelizmente ainda não chegou ao fim.
A trama fala sobre um trio de arruaceiros de uma cidadezinha que uma noite saem pela cidade zoando com quem encontra pela frente até que em um dado momento se cansam da "mesmice" e resolvem aprontar algo diferente: Selar o portão do cemitério na véspera do Dia de Finados para deixar todos os que forem visitar seus entes queridos que já passaram dessa para uma melhor (ou pior, vai saber...) pro lado de fora.
Eles só não contavam que os mortos, revoltados por tentarem os privar do único dia do ano em que teriam um pouco de atenção, se levantariam de seus túmulos para resolver o problema.
Com o roteiro escrito, precisava de gente para me ajudar. Sabia que com alguns poderia contar de cara (meu irmão Àlan e meu amigo Pedro, por exemplo), mas só nós três não seríamos suficiente para um curta metragem com vários personagens. Foi quando resolvi fazer várias imagens de divulgação do filme e colocar num álbum específico do meu Orkut. Não demorou para morderem a isca: Toda vez que alguém se mostrava curioso acerca do que se tratava meu filme, eu jogava um verde dizendo que tava ficando legal, e que se a pessoa quisesse participar ainda haviam alguns papéis disponíveis. Assim (e com uma grande ajuda do meu irmão, que conhece bem mais gente do que eu e ia convidando todo mundo) consegui fechar meu elenco.
Confira o trailer:

Alguns problemas da produção ficam bastante evidentes já no trailer.
Por ser oficialmente meu primeiro filme (não se levando em conta as zoeiras de férias com amigos e primos), vários aspectos me pegaram desprevinido.
O principal deles foi a iluminação. Algumas cenas iniciais tiveram que ser totalmente refilmadas e a sequência do cemitério (para a qual consegui autorização para filmar dentro do cemitério da minha cidade) acabou ficando escura demais. Mas ficou bem melhor assim do que se eu tivesse construído um cemitério cinematográfico no meu quintal (sério, isso foi cogitado!).
Foi também a minha primeira experiência com edição de vídeo e, claro, comecei pelo básico dos básicos editores de vídeo, o Windows Movie Maker.
Detalhes técnicos a parte, logo na primeira noite de filmagens tivemos uma desistência. Um dos atores deu pra trás e me mandou uma SMS em cima da hora dizendo que não viria mais. O nome real desse ator foi mais tarde utilizado em um personagem que é muito xingado ao longo da história, no intuito de personificar não só uma, mas todas as pessoas que acabaram pulando fora.
Quanto ao elenco só tenho o que agradecer.
Todos se esforçaram e mesmo com FINADOS ainda não tendo sido finalizado toparam de fazer outros projetos comigo (projetos esses que terminaram, outra hora falo deles).
Algumas curiosidades sobre o filme:

Salvamos um cachorro doente de ser atropelado enquanto filmávamos na rua, a noite;

O ator Marcelo Vasconcelos Bassi contraiu conjuntivite após entrar dentro de um túmulo poeirento para filmar uma cena como morto-vivo:









Os zumbis são interpretados pelos mesmos atores que fazem os arruaceiros, e um deles mata a si mesmo numa cena que (modéstia a parte) ficou muito bem editada;

Acabei assumindo o papel de um personagem graças a mais uma desistência do elenco:











O personagem Luciano, que a princípio não aparecia (ou aparecia em off, numa conversa telefônica) acabou sendo vivido por um amigo meu de Belo Horizonte, que além de atuar filmou um making off de uma cena de morte. Essa participação especial também acabou rendendo uma cena que foi parcialmente deletada para o filme mas você confere na íntegra aqui:


O grande artista plástico jacutinguense Natal Alves do Amaral além de atuar, colaborou com os efeitos de maquiagem dos zumbis:









Faltam duas cenas para eu concluir FINADOS (as mais complicadas, claro!) e ainda preciso reescrever uma sequência já que um casal de atores terminou o namoro durante as filmagens e tenho que arranjar um meio de não mostra-los mais juntos.


Assim que estiver finalizado posto aqui!